sexta-feira, 12 de junho de 2009

Conto em Portugual

Um Coração Desassossegado


Na tradição de Ruivães não havia exemplo tão escandaloso. Três homens na vida duma mulher, era como que uma espécie de aleijão moral, de que a própria terra se devia envergonhar. Mas a verdade é que a Marciana fizera essa avaria, e ali estava mais uma vez viúva, quase sem lágrimas, a despachar o Bernardino, o último marido, para o cemitério.
O cunhado, o Daniel, que tratava da mortalha, movia-se entre o dever e o desespero. Honrado e austero, fora casado com uma irmã dela, a Isaura, que falecera há pouco. E aquele parentesco, que o obrigava a enterrar-lhe quantos mantilhões arranjasse, custava-lhe os olhos da cara.
— Uma pessoa está guardada para cada conveniência!
— Que hás-de tu fazer! É família...
— Pois aí é que me dói! Uma deslavada, sem vergonha nem propósitos, e eu depois que a ature...
Desde rapaz que lhe tinha uma antipatia obscura, feita de nadas, e cada dia mais azeda. Namorava-lhe a irmã, mas era ela sempre que aparecia primeiro, a pretexto de o avisar de qualquer conversa que ouvira a seu respeito, de saber se havia ou não comédias na festa de S. Gonçalo, de se queixar das bebedeiras do pai. O Daniel agradecia a prevenção, dava-lhe a informação pedida ou justificava da maneira que podia as fraquezas do futuro sogro, e cerrava os dentes, mortificado.
— Estás em ânsias! — insinuava ela, ironicamente.



— Estou à espera...
— Tem de lavar a louça, primeiro.
E porque a não lavava ela, em vez de se pôr ali de espantalhos?
O que vale é que era discreto e paciente. Continuava silencioso até que a namorada surgia, também discreta e paciente, no cimo da escada, e a Marciana, com ar de troça, os deixava em sossego.
— Nem parece tua irmã. Coisa mais reles!
— Olha que não. Estás enganado. Mete-se realmente na vida dos outros quando não devia, e gosta de levar e de trazer… É pena. Mas, fora isso, é como o pão...
— Azedo!
— Também nem tanto! ...
— Cá por mim não a trago nem com açúcar!
— Hás-de ver que vos dais bem.
— Não me cheira. Nunca gostei de gente entremetida.
— Dá tempo ao tempo...
Infelizmente, o tempo só reforçou as razões do Daniel, como a própria Isaura teve de reconhecer.
Quando se receberam, o raio da rapariga parecia doida. Cantava e dançava como se fosse a dona da festa. E toda a gente se espantava com uma alegria tão despropositada.
— Ó mulher, tem juízo! Olha que quem se casa é a tua ir
Ficou pensativa e pálida por alguns momentos, como se a acordassem duma anestesia e a dor voltasse. Mas retoma entusiasmo logo a seguir, e foi a última a deixar os noivos em paz no pobre tugúrio onde iam começar cinquenta anos de felicidade. Com os pretextos mais estapafúrdios, demorava a partida. Conversava, varria, compunha e descompunha a travesseira da cama, comia pires seguidos de arroz-doce, e assim encurtava a noite que os dois desejavam do tamanho da Estrada de Santiago. Por fim, lá saiu. E o Daniel, enquanto trancava a porta, desabafou:
— Que cáustico!
A Isaura, sabe Deus com que vontade, desculpou-a:
— Coitada, tem aquele feitio... Mas não é por mal.


— Pois olha que se é por bem, pode limpar as mãos à parede. A obrigação dela, de mais a mais sendo rapariga, era pôr-se a andar adiante dos outros.
— Nem pensou.
— Pensei eu, que estava com vontade de a esganar. Se não fosse por serdes vós Senhor quem sois... Bem se diz lá, que por causa dos santos se adoram as pedras!
— Não regula bem, coitada. Ninguém se mandou fazer...
E tanto não regulava, que um mês depois, do pé para a mão, casava-se também. Ruivães à missa, na sua boa-fé, e o padre a ler-lhe os banhos! Ficou tudo abismado. Sem ter havido namoro que se visse, ou suspeita de tal, ia ser mulher do Marcolino.
Zunzuns no povo, porque seria, porque não, mas a verdade é que daí a três semanas estava arrumada. Na boda, repetiu-se a cena do casamento da irmã. Apenas com a atenuante de que agora todos se conformavam com aquele entusiasmo desabrido. O festejo era dela, fizesse como entendesse. E lá que se despedia da vida de solteira como ninguém, honra lhe seja. Agarrava-se ao cunhado, que tinha de dançar com ela mais uma valsa, mais outra valsa, mais outra, que o desgraçado, ainda por cima com malhada no dia seguinte, parecia um mártir a ganhar o céu.
— Coisa mais disparatada nunca vi! — queixava-se ele, a caminho de casa.
A Isaura, sempre conciliante, punha água na fervura.
— Entusiasma-se e perde-se da cabeça. Tanto monta a gente afligir-se, como não.
— O que vale é que isto é uma vez na vida!
Na sua sensata e honrada ética de cavador, o Daniel plantava cada acto social, seu ou dos outros, com a fundura duma raiz.
Não concebia a vida sem horas sacramentais, irreversíveis, solenes como uma sementeira ou uma missa.
Mal ele suspeitava que passados dois anos tinha de tratar do enterro do Marcolino, e, decorrido mais um, estava novamente nos braços da cunhada a dançar outras valsas, pois se casava em segundas núpcias com o Carvalheira.


— Eu benzo-me! Até a gente fica não sei como... Faço ideia falatório que para aí vai! ... — lamentava-se à mulher, ofendido i seu bom nome.
— Tem paciência. Que se lhe há-de fazer? Não penses nisso.
Não pensaria, não, se a vida fosse doutra maneira, O pior que não demorou muito que o Carvalheira esticasse também o pernil, e a cunhada, Deus lhe desse juízo! , não tratasse de pôr o sentido no Bernardino.
— Eu endoideço com semelhante criatura! Parece que anda caçoada, a querer rebaixar a gente!
— Deixa-a lá. Que se governe! Não vamos ao casamento, pronto.
O diabo é que a Marciana, quando lhe deram a entender que não iam à boda, nunca mais os largou. Vinha, chorava, pedia, contava, jurava, que não houve outro remédio.
E o bom do Daniel lá teve de aguentar aquilo, a fazer das tripas coração.
Felizmente que o Bernardino era rijo, e os anos iam esterroando as arestas da vida como uma grade niveladora. A brincar a brincar, os invernos tinham passado. Ruça, a Marciana perdera o ar de mula sem rédea. Vergada ao peso dos molhos de lenha dos cestos de estrume, que o Bernardino não era para brincadeiras, metia dó. Parecia uma alma pecadora em expiação. Mas mesmo assim, se encontrava o cunhado, toda ela se arrebitava numa conversa sem fim, cheia de calor e de confidências.
— Que língua de saca - trapos! Agarrou-me na Silveirinha, não me largou. A água da poça a perder-se-me, e ela porque assim, porque assado... Eu já nem a ouvia!
Velha e doente, a Isaura deixara há muito de defender a irmã.
Quando o homem lhe aparecia esbaforido a queixar-se calava-se e continuava a torcer o fuso e a cozer os seus males.
— Tomaste o remédio?
— Eu não, O meu remédio, agora, é outro...
— Deixa-te de palermices e trata mas é de comer, que o cemitério tem tempo...


Gostava dela com a mesma frescura dos verdes anos. E mal tinha olhos para ver como ela definhava dia a dia.
Comida de dores, morreu logo a seguir, duas semanas antes do Bernardino, que uma pneumonia liquidou também. E o Daniel, depois de enterrar a mulher, não teve outro remédio senão fazer o mesmo ao terceiro cunhado que a Marciana lhe arranjara.
Com a alma carregada do seu luto íntimo, encomendou-lhe o caixão, chamou padres, assistiu à missa de corpo presente. Mas, quando a última pazada de terra arrasou a campa do defunto, deu largas à sua indignação recalcada:
— Bem escusavas disto, se fosses outra!
A Marciana enxugou as lágrimas postiças e levantou a cabeça.
— Outra, como?
Já que o não compreendia, ou se fazia de novas, não pagava a pena estar-se a incomodar. De mais a mais, podia finalmente dá-la ao desprezo.
Largou e foi tratar das leiras. Embora os bens agora lhe não dessem gosto, era preciso granjeá-los como até ali. Enquanto se anda neste mundo, não há remédio senão fazer pela vida. E, mesmo sem a presença querida da velha companheira, lá ia tesourando, podando e curando as videiras.
Foi numa tarde de Maio, morosa e melancólica, que a cunhada de repente lhe apareceu no Tapado.
— Andas contra o míldio?
— Tem de ser.
Houve um silêncio curto.
— As batatas estão bonitas!
— Assim, assim.
Outra pausa.
— Merendaste?
— Merendei.
— Trazia-te aqui uma pinga...
Desconfiado, fitou-a demoradamente.
— Que estás a olhar?


— Nem sei...
— Olha, olha, a ver se descobres!... Vão sendo horas...
Com a mão crispada na alavanca do pulverizador, o Daniel continuava a observá-la.
— Será possível?! — perguntou por fim.
— E então? Era alguma coisa do outro mundo?
Desabrido, atirou-lhe o nojo à cara:
— Não estás farta, mulher?
— Pois bates a má porta. Já te não posso valer.
Duas lágrimas começaram a cair pela cara dela abaixo.
— Não é o que tu cuidas que me falta. Estou velha, também.
O tempo dessas alegrias já passou.
— Então não te entendo...
— É o meu coração que não se cala. É ele que sempre gostou de ti e te queria...


Um Coração Desassossegado, Contos, Miguel Torga


Resumo



O conto que eu li tem o título de «Um coração Desassossegado» que pertence à obra Contos, do autor Miguel Torga.
A história começa com uma mulher chamada Marciana que teve três homens na sua vida e que estava a enterrar o seu último marido, o Bernardino. Era Daniel quem estava a ajudar a enterra-lo, ele tinha sido marido da sua falecida irmã, Isaura. Era aquele parentesco que o obrigava a enterrar os maridos.
Desde que era jovem Daniel tinha uma antipatia por ela e namorava a irmã, no dia do casamento Marciana, não deixava os noivos em paz. As pessoas diziam para ela ter juízo, porque quem se estava a casar era a irmã, mesmo assim foi a última a deixar o casal a sós.
Daniel desabafou com Isaura depois de Marciana ter saído, e Isaura perdoara a irmã, porque era o feitio da irmã e não era por mal, mas mesmo assim o marido estava com vontade de esganar a cunhada.
Passado algum tempo havia algum burburinho na boca do povo de que Marciana ia ser mulher do Marcolino, ela casou-se com ele e fez o mesmo como fez no casamento da irmã, mas como era o casamento dela ninguém ligou e passados dois anos, o Daniel nem esperava que tinha que fazer o enterro ao desgraçado do Marcolino. Decorreu mais um e ela uniu-se ao Carvalheira e foi com o cunhado que dançou mais valsas.
Quando este bateu as botas, foi outra vez o marido da mana que a foi ajudar a enterra-lo, mas ela colocou o sentido logo no Bernardino até que quando estava a data marcada o cunhado mais a irmã disseram que não iam e esta foi lhes implorar que fossem. Daniel lá fez das tripas coração para aguentar aquilo outra vez.
Isaura continuava a torcer o fuso, quando o marido chegava esbaforido com a irmã. Isaura já estava doente e morreu, duas semanas depois morreu o Bernardino e o desgraçado do cunhado lá foi ajuda-la a enterrar o ultimo marido.
Numa tarde de Maio, estava a Marciana e o Daniel juntos quando começaram a conversar e o conto termina com as palavras de Marciana: «- É o meu coração que não se cala. É ele que sempre gostou de ti e te queria…»
Opinião
Aprendi que os maridos morreram porque ela não os amava porque a pessoa por quem ela estava apaixonada era o cunhado e assim casar por casar sem amor pela outra pessoa faz com que essa deixe de existir.

Feito por: Patrícia


Conto no Mundo

O Anjo

«Cada vez que uma criança morre, desce um anjo de Deus à terra, toma a criança morta nos braços, abre as grandes asas brancas, voa por sobre todos os lugares de que a criança gostou e colhe toda uma mão – cheia de flores que leva a Deus para aí florirem ainda mais bonitas do que na terra. O bom Deus aperta de encontro ao coração todas as flores, mas àquela de que Ele gosta mais dá um beijo e então esta recebe voz e pode cantar juntamente na grande bem-aventurança!»
Pois bem, tudo isto contava um anjo de Deus, enquanto levava uma criança morta para o Céu e a criança ouvia-o como em sonho e passavam por sobre os lugares, onde o pequeno brincara e atravessavam jardins com lindas flores.
— Quais vamos tomar e plantar no Céu? — perguntou o anjo.
E ali estava uma roseira esguia e magnífica, mas mão malévola tinha-lhe quebrado o tronco, de modo que todos os ramos, cheios de botões grandes e meio - abertos, pendiam murchos em volta,
— Pobre planta! — disse a criança, — Leva-a para que possa vir a florir lá em cima junto de Deus!
E o anjo tomou-a, mas beijou a criança por isso e o pequeno abriu metade dos olhos. Colheram das admiráveis flores ricas, mas tomaram também o desprezado cravo de defunto e o selvático amor-perfeito.
— Agora temos flores! — disse a criança e o anjo assentiu com um aceno de cabeça, mas não voaram ainda para Deus. Era noite, tudo estava tranquilo, ficaram na grande cidade, pairavam numa das ruas mais estreitas, Onde havia montões de palha, cinzas e desperdícios, tinha sido dia de despejo de lixo. Havia aí pedaços de pratos, fragmentos de estuque, trapos e velhas copas de chapéus, tudo que não parecia bonito.
E o anjo apontou no meio de toda esta desordem para alguns cacos de um pote e para um torrão que tinha caído deste e se mantinha junto nas raízes duma grande flor do campo murcha que não servia para nada e por isso tinha sido lançada para a rua.
— Tomamos aquela! — disse o anjo. — Dir-te-ei
porquê, enquanto voamos.
E assim voaram e o anjo contou:
«Ali em baixo na rua estreita, numa cave, morava um rapazinho pobre e doente. Desde pequenino que estava sempre de cama. Quando se sentia melhor de todo, podia andar dum lado para o outro no quarto um par de vezes com muletas, era tudo. Nalguns dias de Verão entravam os raios de sol por uma meia hora na entrada da cave e quando o rapazinho se sentava aí, deixando o sol quente brilhar em si e olhando para o sangue rubro através dos dedos das mãos que punha diante do rosto, dizia-se: — Sim, hoje esteve lá fora! — Conhecia o bosque na sua bela verdura primaveril apenas porque o filho do vizinho lhe trazia o primeiro ramo de faia e ele segurava-o por cima da cabeça e sonhava estar sob as faias, onde o sol brilhava e os pássaros cantavam. Num dia de Primavera, o rapaz do vizinho trouxe-lhe também flores do campo e entre estas encontrava-se, por acaso, uma com raiz, portanto, foi plantada num pote e colocada na janela junto à cama. E a flor foi plantada com mão feliz, cresceu, criou novos rebentos e dava todos os anos as suas flores. Tornou-se o mais belo jardim do rapazinho doente, o seu pequeno tesouro na terra. Regava-o e tratava-o e cuidava que recebesse todos os raios de sol, até ao último, que penetravam pela janela baixa. E a própria flor crescia nos seus sonhos, pois para ele floria, espalhava o seu perfume e alegrava a
Vista. Para ela se volveu na morte, quando Nosso Senhor o chamou... Faz agora um ano que está junto de Deus, um ano esteve a flor esquecida na janela e está murcha e portanto, no despejo do lixo, foi lançada para a rua. E é essa flor, a pobre flor murcha que tomámos para o nosso ramo, pois essa flor deu mais alegria do que a flor mais rica num jardim duma rainha!
— Mas como sabes tudo isso? — perguntou a criança que o anjo levava para o Céu.
— Sei-o! — disse o anjo. — Era eu próprio o rapazinho doente que andava de muletas! Conheço bem a minha flor!
E a criança abriu completamente os olhos e olhou para o rosto belo e jubiloso do anjo e nesse momento estavam no Céu de Deus, onde havia júbilo e bem - aventurança. E Deus apertou a criança morta de encontro ao coração que logo recebeu asas como o outro anjo e com ele voou, de mãos dadas, E Deus premiu todas as flores contra o coração, mas à pobre flor do campo murcha beijou-a e ela recebeu voz e cantou com todos os anjos, que pairavam à volta de Deus, alguns bem perto, outros à volta destes, em grandes círculos, mais e mais longe no infinito, mas todos igualmente felizes. E todos cantavam, pequenos e grandes, crianças abençoadas e a pobre flor do campo, que jazera murcha, lançada ao lixo, na desordem do dia de despejo, na rua estreita e sombria.
«O Anjo, Classicos de Bolso Contos , Hans Christian Andersen»
Resumo
O conto que eu li foi «O Anjo» que pertence à obra «Classicos de Bolso Contos» do autor Hans Andersen.
A história começa com um anjo que pegou num rapazinho morto nos braços, enquanto voava com ele nos braços contava-lhe que cada vez uma criança morria descia à terra para o levar, entretanto levava o menino a todos os lugares que ele tinha brincado. Passavam por lindos jardins e acabaram por tomar algumas plantas, para serem semeadas no Céu e florirem junto de Deus.
O Anjo contou a história de um menino doente que tinha uma flor e era o seu maior tesouro, tratava dela com muito carinho e amor e quando o rapazinho morreu, ninguém mais tomou conta daquela flor.
O menino que estava no colo do anjo perguntou-lhe como é que ele sabia aquilo tudo então o anjo disse-lhe que o rapazinho doente e que andava de moletas era ele próprio, então pegaram na flor que estava murcha à um ano e voltaram para junto de Deus.
Deus apertou a criança morta e deu-lhe asas, recebeu as flores e aceitou-as, deu um beijo na flor murcha e esta tomou voz e cantou com os anjos.
Exemplo de descrição: « (...) e passavam por sobre os lugares, onde o pequeno brincara e atravessavam jardins com lindas flores. (...). »
Exemplo de Narração: «Cada vez que uma criança morre, desce um anjo de Deus à terra, toma a criança morta nos braços, (...).»
Identificação das Personagens
Personagem Principal: O Anjo
Personagem Secundária: A Criança morta
Figurante: Os Anjos e Deus.
Composição da Personagem
Personagens Modeladas: O Anjo e o Rapazinho
Personagens Planas: Deus e os Anjos
Caracterização Directa: « Um rapazinho pobre e doente. (...) Quando se sentia melhor de todo, podia andar dum lado para o outro no quarto um par de vezes com muletas, era tudo.»
Espaço: «Ali em baixo na rua estreita, numa cave,(...). »
Tempo: « Faz agora um ano (...). »
Narrador: É Heterodiegético, porque não participa na história.
Feito por: Patrícia

Augusto

Conto Português

Na rua da Cidra vivia uma mulher jovem que perdera o seu marido num desastre pouco tempo após o seu casamento, e agora sentava-se pobre e abandonada num pequeno quarto a espera de um filho que não viria a ter pai.
E como estava tão só, todos os seus pensamentos se projectavam no filho que esperava,e nada havia de belo , amável e desejável que ela não tivesse imaginado, querido e sonhado para este filho.
Uma casa de pedra com espelhos e um lago com repuxos no jardim, pareciam-lhe enquadrar bem ao pequeno e, quanto ao seu futuro,ele deveria no minimo,vir a ser um professor ou um rei.
Ao lado da habitação da pobre senhora Isabel vivia um velho homem que raramente alguêm o via a sair a rua e,se saia la viam uma personagem baixinha e grisalha trazendo um gorro de borla e um guarda-chuva com o cabo talhado em osso de peixe como era costume nos tempos antigos.
As Crianças tinham-lhe medo , e os adultos comentavam que ele lá teria as suas razões para ser tão solitário .
Era Frequente passarem-se longos periodos em que ninguem o via mais a noitinha escutavava-se,por vezes,vinda da sua velha casa,uma musica subtile suave como de muitos instrumentos pequeninos e delicados .
Quando por ali passavam,as crianças então as suas mães se ali dentro haveriam anjos ou ninfas a cantar,mas as mães não sabiam o que ali acontecia e diziam: Não , não aquilo há-se ser alguma caixa de musica.

Resumo: Na rua da Cidra vivia uma mulher jovem que tinha perdido o seu marido num desastre ,pouco tempo após o seu casamento e agora sentia-se pobre e abandonada num pequeno quarto a espera do seu filho que iria nascer sem pai.
E como estava só, todos os dias os seus pensamentos se baseavam no filho que iria nascer sem pai.
Ao lado da habitação da senhora que se cahamava Isabel viviaum velho senhor que raramente alguem o viria sair a rua e quando saia as pessoas lá viam uma personagem baixinha e grissalha , trazendo um gorro de borla e um guarda-chuva verde de cabo talhado com era costume nos tempos antigos.
As Crianças tinham medo e as pessoas comentavam que ele lá teria as suas razões para não sair a rua e ser tão solitario.
Este tal senhor era tratado por senhor Jungueiro.
Senhor Jungueiro que criara uma amizade muito especial com D.Isabel.
Quando se aparoximava do Outono numa chuvosa tarde em que o vento soprava e não se via vivialma na rua a pobre mulher deu conta que teria chegado a hora de seu filho nascer e ficou com medo porque estava completamente sozinha.
De repente durante a noite apareceu uma mulher idosa com uma lanterna entrou em casa ferveu agua e aprontou panos de linho e fez tudo o que é necessario fazer-se para uma criança ser dada a luz.

Exemplo de descrição: "As crianças tinham medo e as pessoas comentavam que ela teria as suas razões para ser tão solitario e não sair de casa."

Personagens:

Principal: D.Isabel

Secundaria: Senhor Jungueiro

Figurante: Augusto

Caracterização Fisica: Mulher Jovem,pobre.

Caracterização psicologica: Vivia sozinha e esperava um filho e havia um senhor que raramente saia a rua.

Tempo:

Referencias temporais : Numa noite chuvosa há chegada do Outono.

Referencias espaciais: Na rua da Cidra

Narrador: O narrador é autodiegetico,porque participa na historia.

"E como estava só todos os dias todos os seus pensamentos se baseavam no seu filho que iria nascer sem pai."

Opinião:

O que eu mais gostei no texto foi que devemos sempre ajudar aqueles que mais precisam da nossa ajuda.

Ana Santos

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Conto Português

A Senhora do Retrato


Os retratos a óleo fascinam-me. E ao mesmo tempo assusta-me. Sempre tive medo que as pessoas saíssem das molduras e começassem a passear pela casa. Para falar, verdade, estou convencido que isso conheceu que isso aconteceu algumas vezes. Em certas noites, quando eu era pequeno, ouvia passos abafados e tinha a sensação de que a casa ficava subitamente cheia de presenças. Ainda hoje não gosto de atravessar os longos coredores das velhas casas com grandes retratos pendurados nas paredes. Há olhos que nos seguem do alto e nunca se sabe o que de repente pode acontecer.
Havia na casa da tia Hermengarda um quadro deslumbrante. Ficava ao cimo das escadas , à entrada do corredor que dava para os quartos de dormir. Mesmo assim, rodeado de sombras irradiava uma luz que só podia vir de dentro da dama do retrato. Não sei se da blusa muito branca, se dos olhos, às vezes verdes, às vezes cinzentos. Não sei se do sorriso, às vezes alegre, ás vezes alegre, ás vezes triste. Eu parava muitas vezes em frente do retrato. Era talvez o único que não me assustava. Creio até que dele se desprendia mia luz benfazeja. que de certo modo me protegia.
Mas havia um mistério. Ninguém me dizia quem era a senhora do retrato. Arminda, a criada velha, benzia-se quando assava diante do quadro. Às vezes fazia figuras e estranhos sinais de esconjuração. A prima Luísa passava sem olhar. Essa pergunta não se faz disse-me um dia em que lhe perguntei quem era aquela senhora.
Percebi que não gostava dela e que era assunto proibido. Até a minha mãe me ralhou me pediu para nunca mais fazer tal pergunta. Mas eu não resistia. Por vezes descaía—me e dava comigo a perguntar quem era a senhora dos olhos verde ,quase cinzentos, que me sorria de dentro do retrato.
Com a minha tia-avó, eu tinha uma relação especial. Ela lia-me histórias e poemas inquietantes. Creio que troçava das convenções, talvez das próprias pessoas. Por vezes era difícil saber quando estava a serio ou a brincar. Apesar de já ser muito velha, tinha tinha um sentido agudo do ridículo. Foi a primeira pessoa verdadeira subversiva que conheci . Era óbvio que tinha um fraco por mim. Pelo menos era o único membro da família a quem ela tratava como um igual. Dormia no andar de baixo e nunca subia as escadas. Talvez por isso eu nunca lhe tinha perguntado quem era a senhora do retrato.
Um dia, farto já de tanto mistérioe e ralhete e, sobretudo, das gaifonas da Arminda e do ar empertigado da prima Luísa, não me contive e perguntei—lhe. A minha tia sorriu. Depois levantou—se, pegou no molho de chaves que trazia preso à cintura , abriu uma gaveta da escrevaninha e tirou um álbum muito antigo. Voltou a sentar-se e lentamente começou a mostrar-lhe as fotografias. Eram quase todas da senhora do retrato e do meu primo Bernardo, que há muito tinha partido para a África do Sul.
Apareciam juntos a cavalo e de bicicleta. E também de fato de banho, na praia da Costa Nova. Havia alguns em que o meu primo estava de smoking e ela de vestido de noite. Via-se também a tia Hermengarda, mais, por vezes os meus pais, gente que não conhecia. Até que chegámos à senhora do retrato já de branca vestida.
-Natacha — murmurou a minha tia, com uma névoa nos olhos.
E depois de um silencio:
Ela chama-se Natália, mas eu gosto de Natacha, sempre a tratei assim,
È preciso dizer que a tia Hermengarda vivido em Moscovo no inicio da carteira diplomática do marido e era apaixonada dos autores russos, Pushkine. Dostoievski, principalmente Tolstoi, que visito algumas vezes em Isnaia Poliana. Identificava com as personagens de Guerra e Paz. Creio que amava secretamente o príncipe André e gostava de ter Natacha. Falava muito da alma russa. Era uma propensão do seu espírito.
— Tu também tens alma russa — dizia-me.
E era como se me tivesse armado cavaleiro.
Contava-me a morte de Pushkine: o duelo, a ferida , a multidão à porta do poeta esperando noticias..Via-se que partilhavam a tese dos que culpabilizavam também a mulher. Verdade seja dita que a minha tiia era um pouco sectária relação aos seus heróis. Suspeito que gostaria de ter sido a confidente ou inspiradora de todos eles. Por isso, de um modo geral, não suportava as mu1heres dos seus poetas, príncipes e guerreiros. Nenhuma estava à altura deles. Ou talvez dela própria.
Mas de Natália, a senhora do retrato, ela gostava. Chamava-lhe Natacha o que, para uma pessoa como tia queria dizer muito.
— Ela gostava do teu primo. Mas era uma pessoa muito viva. Tão viva que parecia sempre perto da morte. As pessoas assim acabam por morrer oupartir. Ela foi-se embora para não morrer. Tinha sido no dia seguinte ao do terceiro aniversário do casamento. Deixou uma carta a Bernardo que ele nunca mostrou a ninguém. E um bilhete para minha Tia, apenas com três versos de Florbela Espanca:
Sou talvez a visão que alguém sonhou
Alguém que veio ao mundo para me ver
E que nunca na vida me encontrou.
Á fortuna herdada do pai permitiu-lhe viajar grandes cidades do mundo: Paris, 1ondres,Roma, Zurique, Praga, Nova Iorque.
— Ela gostava das grandes metrópoles — dizia a tia Hermengarda. — Precisava das multidõ, do frenesim, da solidão e da nostalgia das grandes cidades. Talvez tivesse de viver muito depressa, como quem se atordoa. Há pessoas assim: não suportam a intensidade das suas próprias vidas.
E ás vezes eu não sabia se estava a falar de Natacha ou de si mesma.
Durante uns tempos foi escrevendo. Por vezes enviava postais com versos estranhos, conto estes de Apolhinaire, que a minha tia me leu:
Mon beau navire ô ma mémoiree
Avons-nous assez naivegué: ’ Dans une onde mauvaise à Avons-nous assez divague
De la belle aube au triste soir.
Pouco a pouco as notícias foram rarendo. Até que deixaram de chegar. Há muito já que ninguém sabia nada de Natacha. Nem mesmo um irmã, com quem a tia Hermengarda se corresponde.
A verdade é que desde aquela conversa passei a sentir uma certa superioridade em relação aos outros membros da família. O segredo deles já não era segredo para mim. E eu partilhava agora com a tia um sentimento quase clandestino: ambos gostávamos de Natacha. a senhora do retrato.
Algo as ligava. [)ir-se-ia que Natacha vivia urna parte da vida que era também da minha tia. E que esta guardava uma parte essencial da vida de Natacha. Por isso, não deixava que tirassem o quadro. Lá estava sempre ao cimo das escadas. E os olhos verdes , às vezes cinzentos, continuavam a sorrir para mim.
— Natacha - disse eu apontando triunfante o quadro, uma manhã em que a prima Luísa passava com bigoudis na cabeça.
Ela Fuzilou-me com i os olhos. Tinha ciúmes da minha cumplicidade com a tia Hermengarda, como já os tivera de Natacha.
De certo modo, mesmo ausente Natacha tinha-lhe roubado o seu lugar naquela casa.
Um dia chegou a notícia de que Natacha linha morrido numa clínica em Zurique. A minha tia vestiu-se de luto e proibiu que voltassem a falar-lhe do assunto. Creio que para proteger Natacha de eventuais interpretações sobre as circunstâncias da sua morte.
— Eu escrevo ao Bernardo — disse.
Nem mesmo eu me atrevi a quebrar a proibição. Os anos passaram e nunca mais a tia Hermengarda me falou de Natacha. Algo tinha morrido dentro dela, talvez o outro lado de si mesma.
De quando em quando eu voltava à casa de minha tia. Mas cada vez mais raramente. Ela tinha agora grandes .silêncios. Estava quase cega, tocava-me com os dedos e às vezes ainda brincava: —Estou ler-te por dentro dizia.
Eu voltava por ela e por Naracha. Precisava daquele sorriso e do Seu fluxo benfazejo. Talvez tenha acabado por me apaixonar por Natacha. Pelo menos, ao longo da minha vida. Apaixonei-me sempre pelas mulheres que se pareciam com ela. Talvez tenha andado sempre à procura de Natacha. Nunca resisti a uns olhos verdes ou cinzentos, nem a um sorriso de mulher alegre e triste. De certo modo amei Natacha em cada mulher que amei, ás vezes a parença e a presença, às vezes aausência.
- Ela queria o que não há – dizia tia Hermengarda.- E não se pode ser feliz quando se quer o que não há. Há pessoas assim: procuram e não encontram.
A minha tia morreu no dia em que entrei para a universidade. Três dias depois o rei rato desapareceu. Ou melhor : desapareceu Natacha. A moldura do quadro ficou. Eram três da tarde. Ouviu-se um grito de aflição no andar de cima. Foi-se a ver e Arminda estava desmaiada, caída no chão, ao pé da moldura a que enquadrava o fundo branco da parede. () retrato não estava lá .
Suspeitou-se do primo Bernardo que entretanto tinha regressado. Admitiu-se que a prima Luísa tivesse finalmente feito o que há muito desejava: vingar-se de Natacha a sair matá -lá outra vez. Mas Arminda jurava que tinha visto a Senhora D. Natália a sair do retrato.
- Com este que a terra há-de comer
-dizia ela.
Ninguém acreditou na Arminda , que estava um pouco taralhoca. Mas hoje, passados muitos anos, eu creio que ela dizia a verdade. Aquela retrato era talvez a parte de Natacha que não se tinha perdido. Por isso ela estava de recuperá-lo para recuperar própria inteireza. Para ser inteira na já que não tinha conseguido sê-lo em vida.
Sim, hoje não tenho duvidas: três dias da morte de minha tia, Arminda viu de facto alguém a sair do quadro pendurado parede ao cimo da escada. E era Natacha , a senhora do retrato.
RESUMO:
A autora fala-nos de como as pinturas o óleo, especialmente as que retratavam rostos humanos e perturbavam e ao mesmo tempo a fascinavam recorda como na sua infância, o medo a assaltava sempre que no escuro, tinha de passar junto de quadros como rostos de pessoas.
Em casa da sua tia Hermengarda havia um quadro de uma dama com os altos verdes e por vezes cinzentos que parecia sair do mesmo sempre que por ele passava.
Toda agente naquela casa se recusava a falar daquela distinta senhora.
Um dia a tia falou-lhe daquela senhora e da complexidade que as unia desde então fiquei ainda com mais certeza que a sentira daquele quadro me seguia e os seus olhos e meguiava e protegia.
Exemplo de descrição:
“ Os retratos a óleo fascinam-me”
Exemplo de Narração: “ Sempre tive medo que as pessoas saíssem das molduras e começassem a passar pela loja.”
Personagens
Principal – O Narrador
Secundaria – Tia Hermengarda; Primo Bernardo;
Figurante - Minha tia-avó; Prima Luísa; Príncipe André; Senhora D. Natália;
Caracterização Física: “ Ficava ao cimo das escadas, á entrada do corredor que dava para os quadros de dormir. Mesmo assim, rodeado de sombras, irradiava uma luz que só podia vir de dentro da dama do retrato. “ ( “Caracterização directa”- foi feita pela Narrador Heterocaracterização).
Caracterização psicológica: “ Os retratos a óleo fascinaram-me” (caracterização indirecta- foi feita pelo narrador autocaracterização).
Tempo:
Referências Temporais: “ Um dia”; “Tinha sido no dia seguinte”
Espaço:
Referências Espaciais: “ Havia na casa”
O Narrador:
O Narrador e participa na história e autodiegético.
“ Em certas noites, quando eu era pequeno, ouvia passos abafados e tinha a sensação de que a casa ficava subitamente cheia de presenças.
Opinião:
O que mais gostei deste conto foi o narrador começa a falar de um retrato que estava numa casa da uma “tia Hermengarda” e o narrador começava a disser o rosto desse retrato e caracterizar esse retrato.
O menos intessante que desse conto foi que o narrador diz que o retrato da tia dele tinha desaparecido.
O que eu aprendi com este conto foi interessante porque isto começa que o narrador o que era para ele ver esse retrato e depois começa contar como e que o retrato dessa mulher.





Feito por: Ana Palma

Conto Internacional:

O Não Desaparecimento de Maria Sombrinha



Já muita coisa foi vista neste mundo. Mas nunca se encontrou nada mais triste que caixão pequenino. Pense se-se ante manualmente, que esta estória arrisca conter morte de Criança.Veremos a verdade dessa tristeza. Como diz o camaleão em frente para apanhar o que ficou para traz.

Deu-se o caso numa família pobre, tão pobre que nem tinha doenças. Dessas em que se morre mesmo saudável.- Não sendo pois espantável que esta narração acaba em luto. Em todo o mundo, os pobres uns essa estranha mania de morrerem muito. Um do mistérios dos Lares famintos é falecerem tantos parentes e a família aumentar cada vez mais. Adiante, diria o camaleonino réptil.

A família de Maria Sombrinha vivia em tais misérias que nem queria saber de dinheiro. A moeda é o grão de areia esfluindo entre os dedos? Pois, ali, nem dedos.Tudo começou com o pai da sombrinha. Ele se sentou, uma noite, à cabeceira da mesa. Fez as rezas e olhou o Lampo vazio
- Eh pá esta mesa está diminuir!

Os outros em sendo, balancearam a cabeça, em hipótese.
- Vocês não estão a ver? Qualquer dia não temos ando comer. Ao se prepara para dormir, apontou o leito e chamou a mulher:

— Esta na cama cada dia estás mais pequena. Um dia desse não tenho onde deitar. Debateram o assunto, timidamente, com o pai. Sugeriram que a razão pudesse ser inversa: O mundo é que estava a aumentar, encurralando a aldeiazinha, Fosse e caso dessa suplicação a aldeia estaria metida em vara de sete camisas. Mas o velho não arredou ideia. Casmurrou contra argumento alheio, ancorado na teima dele.

Por fim, sua visão minguante aconteceu com Sombrinha. Ele via o tamanho dela se acanhar, mais e mais pequenita. E se queixava, pressentimental:

— Esta menina está-se a enxugar no poente… Todos se riam O pai cada vez piorava. Face ao riso, o homem se remeteu á à ausência. Se transferia para as traseiras, se anichou entre desperdício e desembrulhos.A filha ainda solicitou comparência do mais velho.

- Deixe o seu pai. Lá onde está, ele não está em lugar nenhum.

Valia a pena sombrear miúda, minhocar- lhe o juízo? Mas Sombrinha não deixou de rimar com a alegria. Afinal, era ainda menos que adolescente, dada somente brincriações. Sendo ainda tão menina, contudo, um certo dia ela se barrigou, carregada de outrem. Noutros termos: se apresentou grávida. Nove meses depois se estrava a mãe. Sem ter idade para ser filha como podia desempenhar maternidades? A criancinha nasceu, de simples escorregão, tão minusculinha que era. A menina pesa tão nada que a mãe se esquecia dela em todo lado. Ficava em qualquer canto sem queixa nem choro.

— Essa menina só para quieta! queixava-se Sombrinha.
Deram o nome menininha Maria Brisa. Que ela nem Vento lembrava, simples aragem. Dona mãe ralhava, mas sem nunca fechar riso, tudo em disposições, Até que certa vezes repararam em Maria Brisa. Porque a barriguinha dela crescia, aparecia uma lua em estação, cheia, Sombrinha ainda devaneou. Deveria ser um vazio mal digerido. Gases crescentes arrotos tontos, Mas depois, os seios lhe incharam. E concluíram, em tremente arrepiação a recém-nascida estava grávida! E, de f acto, nem tardaram os nove meses, Maria Brisa dava luz e Maria Sombrinha ascendia a mãe e avó quase em mesma ocasião. Sombrinha passou a tratar de Igual seus rebentinhos — a filha e a filha da filha. Uma pendendo em cada pequenino seio.

A família deu conta, então, do que o pai antes anunciara. Sombrinha, afinal das contas sempre se confirmava regredindo. De dia pana dia da ia ficando sempre menorzita. No havia que iludir — as roupas iam sombrando, o leito ia crescendo. Até que ficou do mesmo tamanho da filha. Mas não se quedou por ali. Continuou definhando a pontos de competir coma a neta.

Os parentes acreditaram que ela já chegara ao mínimo mas, afinal, ainda continuava a reduzir. Até que ficou do tamanho de unha negra. A mãe as prima, as tias a procuravam, agulha cm capinzal. Encontravam-na em meio de um anónimo buraco e lhe deixavam cair uma gotícula de leite.

— Não deite mais que ainda ela se afoga!
Até que, um dia, a menina se extingiu, em idimensão. Sombrinhas era incontemplável a vistas nuas choraram os familiares, sem conformidade. Como iriam ficar as duas orfãzinhas, ainda na gengivação de leite? A mãe ordenou que se fosse ao quintal e se trouxesse o esquecido pai. O velho entrou sem entrou se entender o motivo do chamamento. Mas, assim que passou a porta, ele olhou o nada e chamou. em encantado riso
— Sombrinha, que faz você poeirinha?
E depois pegou numa, imperceptível Luzinha e suspendeu-a no vazio dos braços. Venha que eu vou cuidar de si ,murmurou enquanto regressava para quintal casa, nas traseiras da vida .
Resumo:
Fala de uma família de Maria sombrinha vivia na miséria.
Depois o Pai Sombrinha começa a disser esta mesa está diminuir qualquer dia não temos aonde comer depois o Pai da sombrinha foi quarto e disse esta cama cada dia esta mais pequena.
Maria Sombrinha era filha do senhor Sombrinho se apresentou grávida, teve uma menina pequena chamada Maria Brisa.
Maria Sombrinha ainda nova tornou-se avo da neta Maria Brisa.

Exemplo de Descrição: “ Numa família pobre, tão pobre que nem tinha doenças”.
Exemplo de Narração: Eh pá, esta mesa está diminuir!
Personagem
Principal – Maria Sombrinha
Secundaria – Senhor Sombrinho; Maria Brisa
Caracterização Física: “ A menina pesava tão nada que a mãe se esquecia dela em todo lado”
(caracterização directa- heterocaracterização).
Caracterização psicológica: “A criancinha nasceu, de simples escorregão, tão minusculinha que era.”(caracterização indirecta - auto caracterização)
Tempo :Referências Temporais; “ Até que, um dia”
Espaço:Referências Espaciais; “Eh pá, esta mesa está diminuir”
O Narrador:
O narrador não é participante porque não participa na história e Heterodiegético.
Opinião :
O que mais gostei neste conto foi que esta filha da sombrinha ficou grávida e também gostei partes do pai que dizia “ Eh pá esta mesa está diminuir” “Vocês não estão a ver? Qualquer dia não temos onde comer.”
O menos intessante deste conto foi que a menina morreu que era filha da Sombrinha.
O que eu aprendi com livro foi devemos ter muito cuidado e aprender com a nossa vida que temos e também deve aparecer grávida aos nossos pais muita nova.

Feito Por Ana Palma
Conto Alentejano
O meu amiga Espinha

Andava eu satisfeito da vida a fazer horas para ir ter com certa garota quando inspiradamente dei de caras com o Espinha. Havia passado já tanto tempo desde a última vez que o vira, e eu ia tão derretido a sonhar com a muida, que armei ali de repente urna grande festa. Estendi os gadanhos, segurei-o pelos ombros:

— Olha quem ele é!

Vai o tipo e à minha alegria, responde sem o menor entusiasmo

— Adeus ó pá.

Ficou-se a mirar-me com um ar trombudo que Deus lhe deu, sem se aperceber do mar de rosas onde eu chapinhava como um pato vaidoso. Não levei a mal, pois o Espinha foi sempre assim, Um cara unhaca pronto a safar qualquer parceiro enrascado, mas fazendo caretas medonhas sempre que a vida lhe passa uma rasteira. Eu, Pelo contrário, faço por disfarçar. Não adianta nada andar de ventas caídas.Veja se o caso da Maria Fernanda. Rapei, cantei-le o fado em todos os tons e a garota seria e recatada. Um modelo de virtudes. Que vivia do seu trabalho tinha uma filha, estava separada do marido e de há muito lhe passara a idade em que se corre atrás de músicas. Claro que tudo isto me entrou por um ouvido e saiu pelo outro. Histórias de menina sabida pensaram eu. E segui adiante, a ver ate onde é que aquilo ia dar. Endureci, Fiz-me cínico, Sujeito de sorriso enrugado a quem, seja qual for a mulher, basta mirá-la fito para que caia no papo. Também não pegou. Então fingi-me desatento. Ao calhas, se a via, acenava-lhe de longe. E ia deixando correr. Mas como nem topasse o meu desinteresse, agarro e dou meia a ao leme — armei cm bom rapaz destes tipos tão lavados de alma e caras de bondade que dão mesmo gosto ver. Penei à brava. Bem apertava com da à conversa. Nada. Era o mesmo que senti-la a milhas. Andava baralhado de todo. Davam-me onda, de atirar-lhe as fateixas ácintura. E da, estupendamente lançada de corpo e bonita de rosto, olhos rasgados, grandes, sempre lá isso! Mas não anuía. Pois, hoje, coisa das duas da tarde. Almirante Reis abaixa, quem topo eu naquele no de gente de volta aos empregos? A Maria Fernanda. Como ela vinha! Tudo a raspar-se a entrecruzar- se. A empurrar-se, a saltar para os eléctricos, a cavar dos automóveis, e ela sem dar por ninguém a arrastar-se corno que perdida na travessia um deserto.
Que é que lhe teria acontecido? Parecia vir de tão longe e distante de todos!De repente a Maria Fernanda deu comigo parado à beira do passeio Assustou-se como se eu estivesse a descobrir tudo quanto lhe ia na cabeça. Sem fingimento, atirei-lhe:Há por aí um fulano! O seu marido? Olhe que não lhe fica mal confessar. — Que interessa isto? — Respondeu me dominando -se — Não tenho nada a confessar-lhe.O tom da voz mudara lhe delicadamente de rosto inclinado, fitava-me. Parecia que desde há muito, só falávamos de coisas íntimas. Quando a posso encontrar - perguntei-lhe. Sabes? disse-me ela. — Esta noite, aí pelas dei, dez e meia, talvez saia. — Talvez? — Admirei-me eu com inesperada notícia. - Talvez — repetiu-me em tanto sobressaltado. E agora, peço-lhe, tenho de me ir embora. Depois, falamos.Não a deixei passar. Um momento - Segurava-a pelo pulso. -Onde a encontro?
_ Escolha o sítio. — Ora vamos a ver, procurava eu rapidamente. À esquina da Passos Manuel junto ao Jardim Constantino. Serve? Nem se despediu. Desviando-se por entre as pessoas, afastou-se. Deixei de a ver
Especado eu nem atinava aquela conversa tinha sido apenas imaginação minha. E assim fui, ora duvidando ora achando que aquilo estava certo. Razão puxa razão, todo o dia a ruminar, acabei por concluir que era mais que certo o encontro e a combinação com a garota. Jantado, entrei na taberna do Marinheiro Antigo. A rever de alto a baixo a Maria Fernanda e atento aos pormenores, como se ela se fosse virando na minha frente, acerquei-me do balcão— Bica-bagaço- pedi. E acrescentei: — Bagaço dos grandes.Na demorada contemplação, mandei vir outro bagaço. Igualmente dos grandes. Dei a noto, vem o Marinheiro. Antigo com o troço e resmunga: - Estas com um ar! Miúda topa-se. Pelo visto sai ser uma festa até ao raiar do dia!.. Calado meti as moedas no bolso. Fiz-lhe um acento de largo. Em jeito de pouca confiança, e zarpei.Vogava eu de cá para lá, a dar tempo ao tempo, sob as árvores da Pascoal de Melo, sem me afastar muito da Rua Rebelo da Silva onde ela mora. E foi numa dessas e idas que abalroei com o Espinha.Logo às primeiras conclui que o seu feitio sorumbático se havia agravado, e muito. Quis tirar a limpo que nova rasteira lhe pregara o destino. E desafiei-o a tomar qualquer cois. , Ainda era cedo para ir ter com a Maria Fernanda. Entrámos na leitaria Flor da Rosa, abancamos ao canto. À luz das lâmpadas penduradas do tecto, notei melhor, os estragos que o tempo fizera na amarrotada que tapava o corpo imagem do Espinha.
Quando dei por findo o exame, estava ele a olhar para mim De cara dura, azeda.- Vê lá se precisas de uma lente para topares que estou a cair da boca aos cães? Precisas?- Não te chateies — respondi-lhe eu, na calma. Que diabo já me tens visto cm azar. Faz agora uns quatro anos, foste-me tu encontrar com a borda toda debaixo de água. Até me deixaste duas de cem. Recordas-te? Estava eu quase a bater as colheres naquele quarto imundo do Rui Heróis de Quionga.O Espinha encolheu os ombros. Fiquei sem saber se tinha esquecido ou se queria dizer com aquilo que se estava nas tintas para as minhas redacções. Depois do criado pôr diante de nós duas cerejas e o pires com azeitonas. o espinha tirou-me as duvidas; — Em que é que tu achas que as desgraças que te aconteceram, faz agora quatro anos, me aliviam a mim? Pus-me a beber a cerveja e, durante um pedaço, não lhe dei trela. Acudia-me à memória aquela visita e o interesse do Espinha pela minha saúde. que era nenhuma, por sinal -Desenganado, o Espinha bateu-me no ombro. Deixou as duas notas de cem e saiu com o ar melancólico de quem acaba de atirai dinheiro à rua Estava empenhado até as goelas, eu. Devia ao médico, a Farmácia, a dona do quarto ao ladravaz da tasca, que me fornecia os caldos de galinha e etc. Mas o ar de luto que ensombrava as sentas do Espinha sugeriu-me a ideia de não parar a ninguém Que jeito tinha um tãopróximo futuro cadáver armar em honesto?
Comecei por pensar que a minha fraqueza talvez fosse devida estar a para ali havia três semanas, a sorver água morna onde o malandro da taberna lavava miudezas. Meti os remédios na gaveta, mandei vir um farnel bem aviado. Custou a comer. Suava em bica. Ao terceiro dia, a coisa mudou. Dei em cantarolar uns fados atrevi-me soprar umas fumaças develhas beatas esquecidas sobre a mesa – de-cabeceira. Foi então, que no meio daquele isolamento forçado, tive um destrinçando. Decerto ainda estava com febre, sei lá fosse como fosse., com o resto das notas que o Espinha me largava, mandei dois anúncios para um jornal de manhã. Num dizia. «Prédio de bom rendimento, bem, situado. Compra-se ate 460 contos» e no outro: «Prédio de bom rendimento, bem situado, vende-se por 500 contos. Não fazia ideia nenhuma dos resultados daquela reinação. Mas, sempre era um processo interessante de matar o tempo. Vai, na manhã seguinte, começo a receber propostas te compra e de venda. Respondi a todos. Gastei um dinheirão em selos. Mas, ao fim de dez dias, entre todos os que se queriam desfazer de prédios até 460 contos e todos os interessados em possuírem prédios ate 500 contos escolhi aqueles que, á vista desarmada (pareciam os mais trouxas.)Vi-me forçado entrar em convalescença para ir ao notário. Ao fazer da escritura, a coisa esteve difícil. Houve até um momento em que aquilo esteve que quase raia. Como não tinha nada a perder, cantei-lhes das boas E em grande. Baixaram a pancada, entraram cm ajustes, e eu safei a onça. Não ganhei os quarenta quilos ganhei vinte e picos. Embora me sentisse roubado desde esse abençoado dia apaixonei-me por toda a casta de negócios que, de longe ou de perto se assemelhassem este. Fui logo procurar Espinha. Que diabo, tinha dinheiro suficiente para pagar a duas notas, não me custava nada ser honesto. Com grande pasmo meu informaram que tinha casado. Já não morava na António Pedro, e só um ano mais tarde voltei a topá-lo. Nesse infeliz encontro verifiquei que tínhamos troca do de situação. Eu ia a assobiar baixinho e despreocupado o Fado das Hortas pela Rua do Limoeiro abaixo e ele vinha, rua acima, de cabelo rapado a escovinha, com uma espécie de saco de lona enfiado pelo pescoço numerado a tinta negra no peito a nas e costas. Acompanhavam-no, de forma nada discreta e sem absolutamente nenhuma gentileza. dois mânfios de pistola à cinta. O Espinha no me lobrigou. Encafuei-me num tasco, bebi três meias-gaiolas de tinto, a fazer tempo a que o infundissem lá para os fundos da coxeia. Como quem vai da parte da família e cheio de pressa, entrei na secretaria da cadeia. Levava uns dinheiros para o preso fulano de tal, informei. Um dos senhores guardas explicou-me o modo de o fazer. Escrevesse num papel a quantia extra metesse tudo num envelope e a folha de papel. Meti. Não as duas notas que devia ao Espinha, mas quatro. Por fora, rabisquei-lhe o nome e o número, tudo de acordo com as indicações do referido senhor guarda, e ala que se faz tarde. Mas aquilo andou a roer-me cá por dentro durante uns tempos. Vi claramente quando e incerta a vida de todo o cidadão que se deixa arrastar pela fantasia do mundo traiçoeiro dos negócios rápidos e lucrativos. O infeliz do Espinha era um exemplo digno de atenção. Engaiolado. Teria ele, ao menos, recebido o bago? E se o recebeu. Recebeu-o inteiro, sem. falta de um tostão? Isto de fazer o bem por intermédias pessoas tem que se lhe diga. Enfim. Acabei um tanto arrependido em deixar ir os quatrocentos assim do pé para a mão. Nunca cheguei a saber com exactidão que desacato cometera o Espinha. No entanto, pensando nas minhas manigâncias, calculei, pouco mais ou menos, o género de manobras que o haviam codilhado. Agora, podia satisfazer a curiosidade. Estávamos, ali, frente a frente . Mas, íamos já na segunda cerveja, e ele nicles. Lembrei-me então de que havia um modo espacial de fazê-lo dar à língua. Apliquei-lho. Mansamente, desenrolei diante do meu amigo Espinha o vasto panotrama da minha prosperidade. Esmiucei-lhe alguns negócios com iodos os efes-e-erres. Aqui e ali, meti umas aldrabices bem trabalhadas para amenizar a narrativa. Claro que não caí na parvoíce de lhe contar que tudo aquilo começara com duas notas emprestadas por ele. E quando palpitei que estava a derramar-se desliguei- me, a espera. Pois sim .O Espinha não se descosia por mais voltas que lhe desse.
Aí pela quinta ou sexta cerveja, como eu vinha embalado a contar os factos mais notáveis da minha vida. Deu-me para falar na miúda com quem ia ter nessa noite. Nunca fui um padecente. Tu sabes isso bem ó Espinha. Mas. Agora ando de todo. Aquela garota virou-me do avesso. Bebi outra golada. Esquecido de que pretendia levar o Espinha a deitar cá para fora os seus azares era eu quem lhe abria o coração. De olhos sobre o tampo da mesa. Acrescentei:
Passo o tempo a magicar para ai uns disparates:abandonar estas andanças na corda bamba e meter-me a gajo serio, num negócio de gente barriguda e tansa. Uma loja, umas representações de artigos estrangeiros, sei lá… rouba-se á mesmo claro. Mas com os impostos em dia e a escrita alinhava. Quem e que lhe vai pegar? È decente e dá nome a um homem. Percebes?E com a sinceridade de quem deixa derramar tudo quando lhe vai na tonta, ainda disse mais esta: - Lembras-te que sempre gozei aqueles tipos que, lá por ouvirem duas leras a uma miúda gira, armam em otários, e dão o sagrado nó… Pois se a garota com quem me sou encontrar esta noite, agarrasse e me dissesse: -Se queres alguma coisa de mim, tens de casar primeiro eu era uni otário a mais neste mundo!Estava eu a gozar cá os meus devaneios e a beber o resto da cerveja, com grande espanto meu, o Espinha abre a boca: Tens estado para ai a alanzoar se um fala-barato, não sabe nada da vida- começou ele. - Ouve bem Isto que te vou dizer. A minha mulher bateu a asa dias e antes de eu ir parar ao xadrez, há dois meses que me puseram a na rua tenho corrido toda a cidade à procura dele não sou nenhum otário. Está a ouvir? Ergueu a caneca e gritou para o criado: -Traz mais uma cerveja! - Duas emendámos eu.Bebemos aquela dogra com todo o vagar e em, silêncio. Acendi um cigarro dei lume ao Espinha. Após umas fumaças, voltou a falar. Mas a voz tornara-se-lhe rouca. Parecia contar um caso passado com gente que já tivesse morrido.- Estivem dois anos com a minha mulher, Um vida que nem tu imaginas! Andávamos sempre a viajar. Espanha, França e por aí fora, nuca nos faltava bago. Um tipo punhas as coroas para o negócio, nos ganhávamos a percentagem. Levávamos jóias, ouro, trazíamos casacos de peles, abafos e outras bugigangas. Era como se fôssemos ricos. Ninguém ia dizer que andávamos na candonga. Aqui o fôlego do Espinha foi-se abaixo. Empinou a canecaa ganhar alento, e passou adiante: A minha mulher acabou por sentir um sentir um asco danado ao contrabando. E medo. Que antes queria apodrecer para aí numa espelunca a fazer as sopas e a limpar os tarecos e ver-me a mim escritório ou ao balcão de uma loja, mesmo que o ordenado fosse pequeno. Achava que isso é que era vida, vê lá tu... Começamos a pisar um com o outro e. o ultimo mes foi uma púrria pegada. Acabou por dar o fora . Nunca mais lhe holofotes cm cima.
Com o gesto abatido de quem se separa de um tesouro, largou a beata para o chão. — Magiquei que tivesse sido abarbatada com falinhas doces por algum artola — continuou ele. - Desconfiei de dois e apliquei-lhes um badanal de murro E comecei a beber forte e feio. Andava tão zaruca que, uma vez, com uma grande cegonha, amandei umas naifadas a um gajo que eu nem conhecia. Ia-o arrefecendo. Apanhei dois anos e dez meses gaiola, sem contar com o sermão que o juiz me atirou as ventas. Foi dias depois que nasceu a minha filha. E queres ouvir uma coisa? Ainda nem sequer sei como e a minha filha.Sentia-me um tanto ou quando envergonhado por ele desabafar daquele modo. Nunca esperara que se rebaixai se àquele ponto. Parecia um mendigo à procura de quem lhe desse esmola. Tive ganas de lhe pespegar cá com umas coisas que vinham mesmo a preceito. Olha — ia ele dizendo — a Maria Fernanda cantou para ai que, se eu mudasse de vida, não se importava de voltar para a minha companhia. Mas, há dois meses que sai da gaiola, e ainda não descobri. Aquilo acaba por pensar que eu a atirei as urtigas e junta-se com um tipo qualquer. Ela é uma fulana direita, mas ainda é nova e todos sabemos.0 que ao necessidades. - Disseste Maria Fernanda — atalhei eu. - Sim! Fique atrapalhado com os olhos que o Espinha me lançou, e desviei os meus para o relógio de pulso. Eram dez e um quarto. Paguei a despesa. Saímos.
Até à esquina da Rua Rebelo da Silva o Espinha, por mais que eu o empurrasse, não se despegou de mim. Tinha que pô-lo ao longe rapidamente. E, sei lá porque, de novo armei em sendeiro: - Maria Fernanda, hem? — Sim- repetiu o Espinha. — E vou contar-te o seguinte: eu até adoeço só com a ideia de ter que trabalhar numa loja ou num escritório, entrar às nove, sair às sete, servir toda a vida de capacho aos chefes e aos patrões mas, se a encontrasse, entrava para um escritório. O Espinha travou-me o passo. Digo-te isto: entrava para um escritório! Palpitei que aquilo ia acabar mal para mim, estive vai-não-vai para desabar à bofetada ao Espinha, o que não era nada fácil e em vez disso pergunto-lhe: capaz de dar-me os sinais da fulana? — Para que? — Dizes ou não?— È altinha e leve no andar tem os cabelos muito claros, os olhos negros, um sinal perto da orelha… — E é uma tipa direita, que não corre atrás de músicas... — acrescentei eu — Uma tipa separada do marido e que 1cm Lima garota com dois anos e tal... — Tu conhece? Sem vontade nenhuma de fumar, tirei os cigarros e os fósforos. Voltei-me. E eu próprio me ouvi com estranheza: — Vês aquela porta iluminada pelo candeeiro, lá pira o meio da rua? Num quarto do terceiro andar mora uma fulana tal e qual como tu dizes. E chama-se Maria Fernanda,
O Espinha endireitou-se para respirar melhor; — Tens a certeza? - Tenho. Ia a afastar-se. De súbito catrafilou-me pelas Lapelas do casaco: — Corno sabes tu isso tudo? Os olhos do Espinha brilhavam no escuro da noite. Aguentei firme, sem desviar a vista. Baixei-lhe os gadanhos. Pouco falou para atirar-lhe com umas certas verdades à tromba e enrolar-me com ele ao murro. Mas menti- lhe: Eu paro na leitaria onde tomamos as cervejas e tenho topado essa fulana ai pela rua Foi lá que ouvi dizer que se chamava Maria Fernanda. Que é que tu queres mais? O Espinha parecia querer hipnotizar-me. De repente, desandou, apressado, em direcção ao candeeiro da Rua Rebelo da Silva. Eu tinha ainda o cigano apagado numa das mãos, a caixa de fósforos na outra. Não pude conter-me e gritei-lhe, cheio de raiva: - Para a outra vez, á Espinha, vai contar a tua vida ao raio que te parta! Mas ele não me ouviu. Talvez por ir muito longe ou talvez por já se ter esquecido de mim.



Resumo:

Neste conto o narrador, descreve-nos os bons e maus momentos que passou ao longo da sua adolescência e juventude relembrando-os com maior intensidade, quando encontra o seu velho amigo ESPINHA, o qual já não via há muito tempo.
A semelhança de tempo que já não voltou o narrador fala-nos da sua paixão permanente do enamoramento, pelas colegas, vizinhas amigas e das complicações que essas paixões muitas vezes lhe trouxeram.
O seu amigo espinha como sempre, quando começa a falar, quase que se esquece, tendo muitas vezes uma atitude egoísta que deixa a narradora encanecida.

Exemplo de Descrição: “ A rever de alto a baixo a Maria Fernanda e atento aos pormenores, com se ela fosse virando na minha frente, acerquei-me do balcão”.
Exemplo de Narração: “ Vai o tipo e , á minha alegria, responde sem o menor entusiasmo:
- Adeus , ó pá.”

Personagens:

Principal – Narrador
Secundaria – Espinha
Figurante – Maria Fernanda

Caracterização Física: “È altinha leve no andar, tem os cabelos muito claros, os olhos negros , um sinal perto da orelha.” (caracterização directa) feita pelo narrador – Heterocaracterização.
Caracterização psicológica: “ Destes tipos tão lavados de alma e caras de bondade que dão mesmo gosto ver”. (Caracterização indirecta feita pelo narrador- autocaracterização)
Tempo:
Referências Temporais
“ Havia passado já tanto tempo”
“ Passo o tempo”
“Na manhã seguinte”
Espaço:
Referências Espaciais
“ Até à esquina da Rua Rebelo da Silva”

Narrador
O Narrador e participante da historia e é a personagem principal e é autodiegético.
Opinião:
O que eu gostei mais do desse conto foi que essa pessoa esta a contar os seus maus e os bons momentos que tinha passado ao longo da sua vida adolescência e também conta que tinha encontrado um velho amigo que era a espinha que não via muito tempo.
O que menos intessante deste conto foi Maria Fernanda marcou um encontro mas ela não foi encontra com ele.O que eu aprendi com este conto que isto começa falar e coisas boas e coisas más .

Feita por Ana Palma









terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Amigo


Entraste na minha vida como uma lufada de ar fresco
Ficaste e hoje sorrio porque estás do meu lado
Dá-me a tua mão
E juntos vamos apagar as tristezas do passado.

Amigo és meu confidente
Quando estou triste penso em ti
E no meu céu
Aparece uma estrela cadente

Quero que saibas que comigo podes sempre contar
Pois eu nunca te vou abandonar.
No teu caminho eu vou sempre estar,
Para que a Lua te possa iluminar.
E se um dia pensares em desaparecer
Leva-me contigo
Para eu nunca te perder.

Ana Santos

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Sincera amizade


Sincera amizade
Faz de um amigo um irmão
E do irmão um amigo
Do peito, do coração,
Amiga irmã, irmã amiga,
Não importa conotação,
O que importa é o sentimento
Que temos no coração.

“A amizade é a forma mais doce do amor”.
Inoema Nunes Jahnke

Um dia certo


Um dia certo
tão perto do sonho
e da realidademe
me vi e entreguei
no campo da imaginação
e da magia da amizade...

Rodeado pelos amigos
que comigo me realizava,
cantava as melodias
trazendo os meus dias
de infância
que quando criança
crescia de alegria.

Assim, hoje, me vejo
mais vivo em mim
para no futuro
dizer aos meus filhos: filhos!
A amizade não tem fim.
José Ventura Filho

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Amizade é um amor...


Amizade é um amor
Entre as pessoas
É o maior sentimento do mundo,
É um sentimento que
Jamais pode ser traido.

Poder confiar em quem está ao nosso lado
Pode ser partilhado os bons e os maus momentos,
Ter sempre um ombro amigo para contar
Ser amigos nos bons e maus momentos.

É dar na cabeça quando é preciso
Para fazer ver o que está a acontecer,
Ser verdadeiro
Amigo verdadeiro ser.

Saber que a amizade existe
Apesar da distância
Ser amigo
É ser amigo ontem, hoje, amanhã e sempre
Ser amigo
É curar feridas que doiem cá dentro.

Ana Palma

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Amei-te no passado...


Amei-te no passado
Também te amo no presente
Amarte-ei futuramente.

Quero ficar contigo eternamente
A teu lado
Quero ficar o resto da minha vida.
Só para te amar.
A borboleta procura o sol
Para se aqucer
Eu procuro o amor
Para contigo viver.

Com um olhar te encontrei
Com um Beijo te amei
Com uma lagrima te deixei
Mas nunca te esquecerei.
Ana Santos

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Amizade é o sentimento



Amizade é o sentimento
Mais simples do Mundo
Nós divertimo-nos com os amigos
Aprendemos com eles
E sabemos viver em armonia.

Não há ventania
Que nos separe
Amor e Amizade são imbatíveis.
Será que conseguiriamos viver
Se ambos não existicem?
Patrícia Ferreira



Quantas vezes, Amor, me tens ferido?


Quantas vezes, Amor, me tens ferido?
Quantas vezes, Razão, me tens curado?
Quão fácil de um estado a outro estado
O mortal sem querer é conduzido!

Tal, que em grau venerando, alto e luzido,
Como que até regia a mão do fado,
Onde o Sol, bem de todos, lhe é vedado,
Depois com ferros vis se vê cingido:

Para que o nosso orgulho as asas corte,
Que variedade inclui esta medida,
Este intervalo da existência à morte!

Travam-se gosto, e dor; sossego e lida;
É lei da natureza, é lei da sorte,
Que seja o mal e o bem matiz da vida.
Bocage

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Amor é como uma semente...



Amor é como uma semente
Que nasce dentro de nós
Nasce, cresce e morre.

Amor é um rio que rega
Cuidar da semente não falta
Sem ele, o homem semear deixava.

Amor é a rosa
Tem espinhos feridos
Água é a cura
Se ela não existice
Só existia amargura.

Patrícia Ferreira

Procurei o amor, que me mentiu...



Procurei o amor, que mentiu.
Pedi à Vida mais do que ela dava;
Enterna sonhadora edificava
Meu castelo de luz que me caiu!
Tanto clarão nas trevas refulugiu,
E tanto beijo a boca me queimava!
E era o sol que os longes deslumvrava
Igual a tanto sol que me fugiu!

Passei a vida a amar e a esquecer...
Atrás do sol dum dia outro a aquecer
As brumas dos atalhos por onde ando...

E este amor que assim me vai fugindo
É igual a outro amor que vai surgindo.
Que há-de partir também... nem eu sei quando...

Florbela Espanca, Sessenta sonetos de Amor, Civilização Editora

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

O Amor é muito mais simples


O Amor é muito mais simples
Do que uma palavra
É algo que se sente.

Com ele tudo é possível
Ele faz nos agir irracionalmente
Até podemos ser inteligentes.

O Amor é um sentimento
Que nos deixa a tremer
Deixa nos ver a pessoa amada
Deixa nos as pernas bambas.

É um pensamento num lugar distante
Mas junto ao amor vem a desilusão
O amor dá alegrias e tristrezas.

Ana Palma