sexta-feira, 12 de junho de 2009

Conto no Mundo

O Anjo

«Cada vez que uma criança morre, desce um anjo de Deus à terra, toma a criança morta nos braços, abre as grandes asas brancas, voa por sobre todos os lugares de que a criança gostou e colhe toda uma mão – cheia de flores que leva a Deus para aí florirem ainda mais bonitas do que na terra. O bom Deus aperta de encontro ao coração todas as flores, mas àquela de que Ele gosta mais dá um beijo e então esta recebe voz e pode cantar juntamente na grande bem-aventurança!»
Pois bem, tudo isto contava um anjo de Deus, enquanto levava uma criança morta para o Céu e a criança ouvia-o como em sonho e passavam por sobre os lugares, onde o pequeno brincara e atravessavam jardins com lindas flores.
— Quais vamos tomar e plantar no Céu? — perguntou o anjo.
E ali estava uma roseira esguia e magnífica, mas mão malévola tinha-lhe quebrado o tronco, de modo que todos os ramos, cheios de botões grandes e meio - abertos, pendiam murchos em volta,
— Pobre planta! — disse a criança, — Leva-a para que possa vir a florir lá em cima junto de Deus!
E o anjo tomou-a, mas beijou a criança por isso e o pequeno abriu metade dos olhos. Colheram das admiráveis flores ricas, mas tomaram também o desprezado cravo de defunto e o selvático amor-perfeito.
— Agora temos flores! — disse a criança e o anjo assentiu com um aceno de cabeça, mas não voaram ainda para Deus. Era noite, tudo estava tranquilo, ficaram na grande cidade, pairavam numa das ruas mais estreitas, Onde havia montões de palha, cinzas e desperdícios, tinha sido dia de despejo de lixo. Havia aí pedaços de pratos, fragmentos de estuque, trapos e velhas copas de chapéus, tudo que não parecia bonito.
E o anjo apontou no meio de toda esta desordem para alguns cacos de um pote e para um torrão que tinha caído deste e se mantinha junto nas raízes duma grande flor do campo murcha que não servia para nada e por isso tinha sido lançada para a rua.
— Tomamos aquela! — disse o anjo. — Dir-te-ei
porquê, enquanto voamos.
E assim voaram e o anjo contou:
«Ali em baixo na rua estreita, numa cave, morava um rapazinho pobre e doente. Desde pequenino que estava sempre de cama. Quando se sentia melhor de todo, podia andar dum lado para o outro no quarto um par de vezes com muletas, era tudo. Nalguns dias de Verão entravam os raios de sol por uma meia hora na entrada da cave e quando o rapazinho se sentava aí, deixando o sol quente brilhar em si e olhando para o sangue rubro através dos dedos das mãos que punha diante do rosto, dizia-se: — Sim, hoje esteve lá fora! — Conhecia o bosque na sua bela verdura primaveril apenas porque o filho do vizinho lhe trazia o primeiro ramo de faia e ele segurava-o por cima da cabeça e sonhava estar sob as faias, onde o sol brilhava e os pássaros cantavam. Num dia de Primavera, o rapaz do vizinho trouxe-lhe também flores do campo e entre estas encontrava-se, por acaso, uma com raiz, portanto, foi plantada num pote e colocada na janela junto à cama. E a flor foi plantada com mão feliz, cresceu, criou novos rebentos e dava todos os anos as suas flores. Tornou-se o mais belo jardim do rapazinho doente, o seu pequeno tesouro na terra. Regava-o e tratava-o e cuidava que recebesse todos os raios de sol, até ao último, que penetravam pela janela baixa. E a própria flor crescia nos seus sonhos, pois para ele floria, espalhava o seu perfume e alegrava a
Vista. Para ela se volveu na morte, quando Nosso Senhor o chamou... Faz agora um ano que está junto de Deus, um ano esteve a flor esquecida na janela e está murcha e portanto, no despejo do lixo, foi lançada para a rua. E é essa flor, a pobre flor murcha que tomámos para o nosso ramo, pois essa flor deu mais alegria do que a flor mais rica num jardim duma rainha!
— Mas como sabes tudo isso? — perguntou a criança que o anjo levava para o Céu.
— Sei-o! — disse o anjo. — Era eu próprio o rapazinho doente que andava de muletas! Conheço bem a minha flor!
E a criança abriu completamente os olhos e olhou para o rosto belo e jubiloso do anjo e nesse momento estavam no Céu de Deus, onde havia júbilo e bem - aventurança. E Deus apertou a criança morta de encontro ao coração que logo recebeu asas como o outro anjo e com ele voou, de mãos dadas, E Deus premiu todas as flores contra o coração, mas à pobre flor do campo murcha beijou-a e ela recebeu voz e cantou com todos os anjos, que pairavam à volta de Deus, alguns bem perto, outros à volta destes, em grandes círculos, mais e mais longe no infinito, mas todos igualmente felizes. E todos cantavam, pequenos e grandes, crianças abençoadas e a pobre flor do campo, que jazera murcha, lançada ao lixo, na desordem do dia de despejo, na rua estreita e sombria.
«O Anjo, Classicos de Bolso Contos , Hans Christian Andersen»
Resumo
O conto que eu li foi «O Anjo» que pertence à obra «Classicos de Bolso Contos» do autor Hans Andersen.
A história começa com um anjo que pegou num rapazinho morto nos braços, enquanto voava com ele nos braços contava-lhe que cada vez uma criança morria descia à terra para o levar, entretanto levava o menino a todos os lugares que ele tinha brincado. Passavam por lindos jardins e acabaram por tomar algumas plantas, para serem semeadas no Céu e florirem junto de Deus.
O Anjo contou a história de um menino doente que tinha uma flor e era o seu maior tesouro, tratava dela com muito carinho e amor e quando o rapazinho morreu, ninguém mais tomou conta daquela flor.
O menino que estava no colo do anjo perguntou-lhe como é que ele sabia aquilo tudo então o anjo disse-lhe que o rapazinho doente e que andava de moletas era ele próprio, então pegaram na flor que estava murcha à um ano e voltaram para junto de Deus.
Deus apertou a criança morta e deu-lhe asas, recebeu as flores e aceitou-as, deu um beijo na flor murcha e esta tomou voz e cantou com os anjos.
Exemplo de descrição: « (...) e passavam por sobre os lugares, onde o pequeno brincara e atravessavam jardins com lindas flores. (...). »
Exemplo de Narração: «Cada vez que uma criança morre, desce um anjo de Deus à terra, toma a criança morta nos braços, (...).»
Identificação das Personagens
Personagem Principal: O Anjo
Personagem Secundária: A Criança morta
Figurante: Os Anjos e Deus.
Composição da Personagem
Personagens Modeladas: O Anjo e o Rapazinho
Personagens Planas: Deus e os Anjos
Caracterização Directa: « Um rapazinho pobre e doente. (...) Quando se sentia melhor de todo, podia andar dum lado para o outro no quarto um par de vezes com muletas, era tudo.»
Espaço: «Ali em baixo na rua estreita, numa cave,(...). »
Tempo: « Faz agora um ano (...). »
Narrador: É Heterodiegético, porque não participa na história.
Feito por: Patrícia

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