quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Procurei o amor, que me mentiu...



Procurei o amor, que mentiu.
Pedi à Vida mais do que ela dava;
Enterna sonhadora edificava
Meu castelo de luz que me caiu!
Tanto clarão nas trevas refulugiu,
E tanto beijo a boca me queimava!
E era o sol que os longes deslumvrava
Igual a tanto sol que me fugiu!

Passei a vida a amar e a esquecer...
Atrás do sol dum dia outro a aquecer
As brumas dos atalhos por onde ando...

E este amor que assim me vai fugindo
É igual a outro amor que vai surgindo.
Que há-de partir também... nem eu sei quando...

Florbela Espanca, Sessenta sonetos de Amor, Civilização Editora

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